Aterro Sanitário e os Benefícios da Compostagem

14 de janeiro de 2020
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Aterro sanitário

A preocupação com as questões que envolvem os resíduos sólidos urbanos (RSU) é crescente, especialmente com sua destinação aos aterros sanitários e disposição final. Isto porque é muito importante pensar em reduzir o desperdício de materiais e o consumo dos recursos naturais, para melhorar a qualidade de vida da população e garantir a preservação do meio ambiente através dos benefícios da compostagem e reciclagem.

O que diz a Lei

Nesse contexto, em 2010, surgiu a Lei 12.305 que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Entre outros pontos, ela exige que sejam colocadas em prática soluções que aumentem o ciclo de vida dos materiais, como a reutilização de resíduos orgânicos (compostagem) e recicláveis (reciclagem), para que os aterros sanitários recebam apenas resíduos que não podem ser reutilizados (rejeitos).

foto aérea do aterro sanitário

Figura 1 – Aterro Sanitário em Londrina no início de sua operação.

Fonte: http://www.cmtuld.com.br/index.php/ctr-central-de-tratamento-de-residuos.html

Estudos apresentados

Em 2017, foi desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina um estudo com o objetivo de apresentar os benefícios da compostagem e da reciclagem na vida útil do aterro sanitário da cidade. Apesar do município ser considerado referência em coleta seletiva, o aterro sanitário recebe cerca de ⅔ dos resíduos recicláveis da cidade. Observou-se que se todos os resíduos recicláveis fossem destinados à coleta seletiva, um aterro sanitário com vida útil de 30 anos, passaria a ter 40 anos de vida útil.

aterro sanitário

Fonte: A própria autora.

A análise descrita levou em conta apenas a reciclagem, mas as pesquisas apontam que cerca de metade da massa do total de RSU gerados no Brasil são resíduos orgânicos, que de forma geral poderiam ser destinados aos benefícios da compostagem e serem reutilizados como fertilizante agrícola. Se considerarmos todos os resíduos recicláveis com destinação à coleta seletiva e apenas metade dos orgânicos com destinação e benefício da compostagem, um aterro sanitário que antes operaria por 30 anos, passa a ter vida útil de 60 anos. E com todos os resíduos destinados de forma adequada, a vida útil poderia se estender a 87 anos.

Energia Elétrica a partir do Biogás de Aterros Sanitários

É importante que esta questão seja cada vez mais discutida, pois os aterros sanitários são construções de alto impacto ambiental e que ocupam grandes áreas. Em Londrina, o aterro sanitário está localizado a cerca de 30 km do centro da cidade, portanto, os caminhões coletores precisam percorrer grandes distâncias, ocasionando um desgaste mais acelerado dos equipamentos e a liberação de uma alta quantidade de poluentes na atmosfera. A tendência é que os aterros fiquem cada vez mais distantes dos centros populacionais, já que as áreas aptas a esse tipo de construção são cada vez mais escassas.

A População e os seus deveres

Dentro desse contexto, a população tem um papel fundamental, pois consta na PNRS que a separação do lixo (reciclável, orgânico e rejeito) deve ser feita nas próprias residências e não no aterro sanitário ou em estações de triagem. Essa questão é central para possibilitar o reaproveitamento dos resíduos. Em suma, na compostagem, se os resíduos orgânicos não são separados na fonte geradora (residências) e podem ser contaminados, consequentemente, tornando o composto gerado impróprio para uso agrícola.

barracão de reciclagem

Figura 3 – Barracão de reciclagem: Cooperativas

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/reciclagem-do-plastico-ao-saco-de-lixo-4379094

Em conclusão de tudo

Acima de tudo, as mudanças propostas aqui não acontecem da noite para o dia, demandam tempo e que são possíveis com a participação da população. Certamente, com pequenas mudanças, ano após ano, o ganho em duração dos aterros sanitários é muito benéfico. Portanto, o mais importante é que a população conheça a realidade dos resíduos no país e qual o seu papel para melhorar essa situação. Em suma, diminuir o desperdício e os gastos do poder público, através dos benefícios da compostagem e reciclagem doméstica.

Autora:

Marisa Morita dos Santos, 22 anos, nascida e atualmente residindo na cidade de Londrina, primeiramente formada em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Londrina, em segundo lugar, estudante especial do Mestrado em Saneamento na Universidade Estadual de Londrina, além disso, trabalha autonomamente em Projetos de Engenharia.

Co autores:

Caio Vitor Rodrigues, Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia de Edificações e Saneamento, além disso, atua como Professor e Doutorando do departamento de Construção Civil, na área de Saneamento na Universidade Estadual de Londrina.

Eliene Moraes, Gestora Ambiental, Especialista em Gestão Ambiental em Municípios, Mestre em Engenharia Urbana e além disso, atualmente é Analista em Gestão Ambiental na Diretoria de Operações da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanismo de Londrina.

 

SILVA, Elaine Aparecida da; IBIAPINA, Juliana da Silva; BRITO, Jacqueline Santos. Estudo de caso: Gerenciamento dos resíduos dos serviços da saúde do Hospital São Marcos. II Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte Nordeste de Educação Tecnológica, João Pessoa, p.1-8, 2007. Anual.

LONDRINA. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA – PR. Plano Municipal de Saneamento Básico de Londrina – PR. Londrina: Prefeitura do Município de Londrina – Pr, 2015. 270 p.

BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, Lei Federal no12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, D.F., 3 ago. de 2010. Seção 1, p. 3-7.

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