Neste período de isolamento social causado pela pandemia do coronavírus (estamos em junho de 2020), muitas pessoas estão buscando colocar em prática antigos desejos/projetos que sempre aguardaram por um pouco mais de tempo e um bom motivo para sair do papel. Se chegastes até este texto, então o seu “reprimido” projeto consiste em criar uma Horta em pequenos espaços. Para tanto, as PANCs irão te ajudar bastante nessa tarefa.
Ou seja por vontade de cuidar melhor da alimentação, por questões ecológicas ou por lazer, parece ser uma ótima ideia iniciar uma Horta. Agora que tens (i) tempo e um (ii) motivo (ou motivação) para colocar em prática esse antigo projeto, surgem questões básicas: “Por onde começar?”, “O que devo plantar?”, “Quais plantas são mais fáceis de cultivar?”…
Quebrando paradigmas
Provavelmente, as plantas que primeiro surgem em sua mente para iniciar sua horta são as que costumamos comprar nos supermercados e feiras, tais como: alface, tomate, cenoura, beterraba, couve, etc. O objetivo deste texto é falar um pouco sobre as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), ou seja, plantas que dificilmente são comercializadas e, consequentemente, não costumam aparecer em nossa dieta. Elas são conhecidas como as PANCs. Iremos abordar na sequência as seguintes questões: ‘Um breve histórico das PANCs’; ‘quais os benefícios e as vantagens de cultivá-las?’; e, por fim, iremos listar ‘algumas PANCs que não podem faltar na tua horta’.
Um breve histórico das PANCs
Um dos grandes eventos ocorridos no tumultuado século XX foi o constante deslocamento de pessoas das áreas rurais para as cidades. Essa nova realidade urbana aliada a rotinas cada vez mais aceleradas de compromissos, criaram uma profunda alteração nos hábitos e costumes alimentares, ou seja, geração após geração os ambientes urbanos e as rotinas aceleradas têm contribuído para a perda do contato e do conhecimento de plantas que eram consumidas por nossos ancestrais. Buscando resgatar e conservar esse conhecimento, o conceito de PANCs foi devidamente desenvolvido pelos autores Valdely Kinupp e Harri Lorenzi em seu livro ‘Plantas Alimentícias Não Convencionais PANC no Brasil’, que é considerado a “Bíblia” das Pancs.
PANCs no Brasil
No Brasil temos registrado atualmente cerca de 10 mil espécies de Pancs, porém, desse vasto número utilizamos frequentemente apenas 300. A utilização do conceito de PANC pode variar de uma região para outra, pois, plantas muito consumidas (e até mesmo muito comercializadas) em determinada região, podem simplesmente ser negligenciadas em outras, o que a classificaria como PANC. Da mesma forma, partes negligenciadas de plantas muito frequentes na dieta das pessoas e que são comercializadas em larga escala, podem ser classificadas como PANC, como por exemplo: as folhas da beterraba, a folha da batata-doce e o coração da bananeira. Portanto, poderíamos definir o conceito de PANC como toda planta ou parte de planta que satisfaça 4 (quatro) critérios:
1º – Em primeiro lugar pode ser consumida na dieta humana ou animal;
2º – Em segundo lugar tem o desenvolvimento espontâneo;
3º – Além disso, não são consumidas regularmente nas dietas alimentares;
4º – Não se comercializa com frequência;
Visando mudar a alimentação, ou seja para evitar alimentos contaminados por agrotóxicos, seja por revisão da dieta alimentar, ou mesmo por filosofia de consumo (veganismo, por exemplo), iniciar o projeto da Horta cultivando algumas PANCs parece ser uma ótima escolha.
Alguns benefícios em cultivar PANCs
Já que falamos em motivação, é interessante conhecermos os benefícios que o consumo dessas plantas causam para a nossa saúde. Muitas vezes confundimos as PANCs como ervas ou matos, mas na verdade, a grande maioria delas possuem uma enorme quantidade de proteínas, fibras e minerais. Além disso, por se tratarem de plantas que em grande parte são rústicas, encontram-se facilmente em jardins (em ambientes urbanos) e costumam ser resistentes a pragas, o que facilita o cultivo orgânico, sem o uso de agrotóxicos, diferentemente da maioria das plantas comercializadas em mercados e feiras.
Conheça algumas PANCs
Para que você possa iniciar seu projeto de cultivo de alimentos em casa, é importante que conheça algumas espécies de PANCs. Abaixo vamos falar sobre as mais comuns e mais fáceis de se manter o cultivo na região sul do Brasil. Por exemplo:
- ALMEIRÃO DO CAMPO
Durante o nosso inverno as famosas sopas ganham destaque, e pensando nelas, o Almeirão do campo é um ótimo ingrediente para ser adicionado. Vinda da Europa, essa planta tem um sabor amargo (muito próximo da Chicória) portanto, um ótimo sabor quando misturada e refogada com outras hortaliças.
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PEIXINHO DA HORTA
Caso prefira um petisco, ou até mesmo uma receita que possa acompanhar molhos, o peixinho-da-horta é uma ótima dica. Rica em fibras, pode-se consumir até mesmo frita e/ou empanada. Da mesma forma, usada como planta medicinal para aliviar irritações na garganta e faringe.
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ORA-PRO-NOBIS
É a mais conhecida e não poderia faltar na sua horta, pois, segundo alguns estudos, pode concentrar até 32% de proteína. Essa planta não exige manejo e se desenvolve com muita rapidez. Seu nome, em latim, significa orai por nós, e como é a mais conhecida, também tem o maior número de receitas. Dentre elas, podemos utilizar suas folhas, frutos, flores e brotos desde temperos ou acompanhamento para carnes bem como elas fritas.
- BELDROEGA
Muito semelhante ao espinafre, pode ser utilizada em saladas, vitaminas, sopas ou molhos. Com sua diversidade culinária, ela é rica em vitamina A e C, ômega 3, cálcio e ferro. Acima de tudo, indispensável para sua horta.
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DENTE-DE-LEÃO (ou Coroa de monge)
Também muito visto em jardins e parques,pode-se ingerir o dente-de-leão em chás e saladas, mistura-se até mesmo em sobremesas. Porém, devemos estar atentos às restrições, uma vez que ela tem contraindicação para gestantes.
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URTIGÃO
Muito presente no nosso bioma, é ótimo na utilização das suas folhas e seus frutos. Além de ser anti-anêmica, também tem indicação para o tratamento de diabetes (lembre sempre de consultar seu médico) e alergias. Antes de consumi-las devemos cozinha-las sempre e sem sementes, mas também como chás, geleias e tortas.
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CAPUCHINHA
De fácil manejo, pode-se comer as folhas, as flores, as sementes e os talos da Capuchinha. Além disso, pode-se consumir in natura, podemos fazer sucos, chás e infusões. Prolifera com rapidez e além de alimentar nossos estômagos, da mesma forma que nos presenteia com lindas flores.
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TAIOBA
Com folhas largas e uma coloração verde escura, pode ser uma ótima substituta do espinafre e da couve em saladas e sanduíches. Seu preparo consiste em refogá-la em azeite, com a folha completa incluindo seu talo. Ao mesmo tempo, é uma ótima ideia para decorar sua horta com suas folhas grandes, diferenciando-a de algumas pancs já citadas. Acima de tudo, deve-se ter atenção para não consumir a ‘falsa taioba’.
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ESPINAFRE MALABAR
Vinda da Ásia, essa planta possui flores rosadas e caule em cor de vinho, mas além de ser muito bonita, apresenta um sabor amargo e picante. Utiliza-se também em saladas, sopas e refogada junta a outros vegetais.
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FEIJÃO GUANDU
Não tão comum na região sul do Brasil, esse tipo de feijão pode ser cozinhado (como o feijão preto), assim como, inserir em farofas e saladas, o que o torna um ótimo acompanhamento para arroz e carnes.
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TREVO
De fácil e rápido crescimento, os trevos podem se inserir nessa lista. Totalmente comestíveis, apresentam um sabor “azedinho” muito próximo ao limão, e geralmente utiliza-se em saladas (com outras hortaliças), sopas e chás.
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BATATA CARÁ
Que tal uma raiz comestível? Muito semelhante ao inhame, pode ser incluída nas mesmas receitas, sendo preparado cozido ou frito. Com um ótimo valor nutricional, é um ótimo pedido para seu café da manhã ou acompanhamento durante as refeições.
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CARURU
Antes de mais nada, é uma planta nativa das Américas e muito resistente. Já adaptada a nossa região, é de fácil cultivo e proliferação. Podemos fazer uso das semestes, caule e folhas, tanto em saladas, refogados e molhos, como o pesto.
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SERRALHA
Assim também como o dente-de-leão, tem uma flor amarela, pode ter suas folhas utilizadas na culinária. Se adapta muito bem em diversos tipos de solo, se torna fácil para ser cultivar em ambientes caseiros e urbanos. Apresenta um sabor amargo, porém, ao ser misturada com outros ingredientes, podemos fazer saladas, cremes e omeletes.
Em suma, seguem algumas fontes para consulta
http://autossustentavel.com/2018/04/pancs.html
https://brasilescola.uol.com.br/saude/plantas-alimenticias-nao-convencionais-pancs.htm
http://www.conexaoambiental.pr.gov.br/Pagina/Pancs-Plantas-Alimenticias-Nao-Convencionais
https://www.metropoles.com/gastronomia/comer/artigo-o-que-sao-as-tao-desejadas-e-comentadas-pancs
Autores:
Fabiano Aita – Formando em Licenciatura em Ciência Biológicas
Rafael Holsback – Cofundador da Compostchêira